Desde o início de ano um grande amigo meu havia convidado-me para seu casamento. E claro que não se diz a um amigo que não vamos ao seu casamento. Eu confirmei que iria. No entanto, quanto mais se aproximava a data, mais desanimado eu ficava. O Pedro mora em São José dos Campos S.P e eu em Belo Horizonte-MG. Isso significava viagem, aeroporto, avião, atrasos e perda de tempo. Então tudo isso deixava-me muito desanimado. Mas eis que na quarta-feira antes do casamento o Pedro me liga todo feliz para ter certeza de que eu iria. No início da conversa fiquei ensaiando em como dizer não. No entanto, não tive coragem e acabei confirmando que iria sim. Não tive coragem de dizer não a ele. Mas disse também que ele não precisava se preocupar comigo, que eu iria direto para São Paulo Capital, que iria aproveitar a oportunidade para ver alguns amigos e que então no sábado eu iria para São José dos Campos vê-lo casar. Ele inisistiu para que eu fosse pra sua casa direto. Mas consegui convencê-lo do contrário. Eu sabia que na sua casa teria muita gente, parentes de longe e eu não queria ficar lá totalmente estranho no meio de todos. O Pedro certamente não teria tempo pra mim. Tudo combinado, nos veríamos no sábado em seu casamento.
Na quinta logo cedo tratei de reservar minha passagem e um hotel em São José dos Campos mesmo. São Paulo era longe o suficiente para cansar-me ainda mais. E a desculpa de ir direto pra São Paulo era apenas uma desculpa para não ficar na casa do Pedro.
Assim, na sexta viajei cedo para São José, na verdade eu queria ir mais tarde, mas já tinha mais passagem disponível. Então desembarquei em São José as 9 da manhã. Aeroporto bem pequeno e bem organizado. Dirigi-me ao saguão para retirar minha bagagem e o saguão já dava saída para o estacionamento. Enquanto eu e os demais passageiros, bem poucos, esperávamos nossas bagagens, notei que o guarda da porta de saída para o estaciomento, não parava de olhar-me. Dispistei meu olhar, conversei com pessoas que esperavam suas bagagens e distanciei-me um pouco e discretamente olhei para ele e pra minha surpresa ele me olhava discretamente. Ainda de longe, peguei um pedaço de papel, anotei meu número e como era de outra cidade, ainda escrevi que poderia ligar a cobrar se precisasasse. Quando minha bagagem chegou, retirei-a, dirigi-me até o guarda com o intuíto desnecessário de pegar um informação e dei-lhe meu número. Agora era com ele. Peguei um taxi e fui para o hotel.
Cheguei, joguei-me na cama e fiquei pensando no guardinha, devia ter algo entre 28 e 32 anos de idade. Malhado, bonito e os óculos que ele usava dava-lhe um charme muito especial. Fiquei pensando, "não é possível que depois de mais de 4 meses sozinho, sem ninguém, que vem me aparecer um cara justamente de longe, ninguém merece, me conveci de que seria absurdo". Conectei meu notebook e fui pra internete. O tempo passou... as 12:30 meu telefone tocou, o número era desconhecido. Já atendi ancioso. Era ele. Me disse sou Heverton do aeroporto, fiz mal em ligar? Não, claro que não, eu respondi. Então, estou na minha hora de almoço daí resolvi ligar-te. Voz bonita você tem, ele disse. Eu saio do trabalho as 17:00 hs. podemos nos ver? E eu disse sem pensar: é claro! Dei-lhe o endereço do hotel e ele marcou de passar a 19:00hs. A ansiedade tomou conta de minha tarde...
Arthur A. Lima